Autor: Almeida Garrett
A história
A peça conta a história de uma filha de um burguês, Amália, e da sua serva, Joaquina, que se vão casar com Duarte Guedes e José Félix, respetivamente.
Joaquina veio com o seu senhor do Porto para Lisboa, onde vive José Félix, o que lhes deu a oportunidade de estarem juntos. Joaquina revela a José Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu que lhe daria um dote de cem moedas quando se casasse. Mas Joaquina disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse-lhe que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu casamento. Interessado no dote, José Félix disse a Joaquina que tinham que dizer isso a Duarte, pois senão ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina nunca receberia o dote de Amália. Mas demasiado tarde! Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália, que após algumas histórias extraordinárias, começou a desconfiar dele.
Quando Amália finalmente contou as exigências do seu pai a Duarte, este ficou muito confuso, e começou a confundir as suas mentiras. Numa tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar por pessoas que Duarte mencionara nas suas mentiras, como por exemplo, Tomás José Marques, Lord Coockimbrook e general Lemos. Mas no fim do dia, o pai de Amália descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, apesar das suas mentiras terem acabado por ser verdade. Como agradecimento pela sua ajuda e pela “lição” que ele lhe deu, Duarte oferece um saco de dinheiro a José Félix. A peça acaba com a vontade de mentir emendada e com o desejo de José Félix pelo dinheiro satisfeito.
O contexto
Peça de teatro comédia escrita por Almeida Garrett, em 1845, cuja ação se desenrola em Lisboa, no século XIX e contém apenas um ato (ato único) que é composto por dezassete cenas.
Almeida Garrett, para além de ministro e secretário de estado honorário português, foi um escritor e dramaturgo romântico e o grande impulsionador do teatro em Portugal. Foi quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
“Falar a verdade a mentir” é uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje conserva o seu humor refinado. Almeida Garrett censura a alta sociedade portuguesa da época que vivia da falsidade e da aparência (muitas vezes ilusória). Para além disso há uma critica dissimulada ao oportunismo e ganância das classes mais baixas aqui representadas sobretudo por José Felix, que se revela bastante interesseiro
Ficha artística
Adaptação e encenação: Hélder Magalhães
Elenco: Daniel Fonseca, Fátima Ramos, Fernando Igrejas, Hélder Magalhães, João Lopes, Palmira Barreira, Paulo Silva e Rosa Barreira.
Responsáveis técnicos: Filipe Nascimento (som) e Dulce Amieira (luz)
Peça apresentada pelo grupo de teatro da ACRM no âmbito do Intercâmbio Cultural Concelhio de Vila do Conde, ICC, em 2007