Autor: Gil Vicente

A história
O “Auto da Barca do Inferno”, tem como ação o julgamento num cais, onde os juízes, um Anjo e um Diabo, que representam o bem e o mal, discutem quem entrará na barca de cada um, condenando os seus passageiros à viagem para o Céu ou para o Inferno.
Por lá passa a representação de toda a sociedade portuguesa da época; desde um Fidalgo, um Sapateiro, um Frade, uma Alcoviteira, um Juiz, um Procurador, um Parvo, entre outros.
Fazendo uma análise das personagens, cada uma representa uma classe social, ou uma determinada profissão ou mesmo uma crença. À medida que estas personagens vão surgindo vemos que todas trazem elementos simbólicos, que representam os seus pecados na vida terrena e demonstram que não têm qualquer arrependimento pelos mesmos.
Diz-se “Barca do Inferno”, porque quase todos os candidatos às duas barcas em cena – a do Inferno, com o seu Diabo, e a da Glória, com o Anjo – seguem na primeira.
O contexto
O Auto da Barca do Inferno (ou Auto da Moralidade) é uma complexa alegoria dramática de Gil Vicente, representada pela primeira vez em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respetivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória).
Gil Vicente, consensualmente considerado o “pai” do Teatro português, foi um dramaturgo da corte portuguesa contemporâneo dos Descobrimentos, mas que, ao contrário de Camões, que exaltou os feitos portugueses, fez antes uma crítica mordaz, na caricatura que construiu da sociedade portuguesa de então, como é um bom exemplo este “Auto da barca do Inferno”
A peça proporciona uma amostra do que era a sociedade lisboeta das décadas iniciais do século XVI, embora alguns dos assuntos que cobre sejam muito pertinentes na atualidade.
Ficha artística
Adaptação e encenação: Xana Miranda
Elenco: Beatriz Marques, Diana Teixeira, Elena Silva, Fátima Azevedo, Fernando Igreja, Fernando Silva, Lara Silva, Paulo Silva, Rita Marques, Tiago Silva
Operação de Luz e Som: Eduardo Marques e José Costa
Cartaz e Grafismo: Miguel Teixeira
Peça apresentada pelo grupo de teatro da ACRM no âmbito do Intercâmbio Cultural Concelhio de Vila do Conde, ICC, em 2014
