
Das muitos reformas que nasceram aquando do surgimento da monarquia liberal, a que teve maior oposição da população rural foi a Lei da Saúde que estava relacionada com o enterramento dos mortos em espaços que não os tradicionais, isto é, no interior das capelas e das igrejas e nos adros. Este descontentamento das populações não esteve na origem da obrigatoriedade de os enterros serem em espaços não religiosos e muito menos no
cumprimento das normas que visavam a defesa da saúde pública, como a profundidade e o uso de caixões de chumbo, quando se estava perante um surto de epidemias. O que verdadeiramente originou a revolta foi a transferência de certos poderes da esfera religiosa para a administração civil.
Antes da publicação da nova lei, a administração dos locais de enterramento pertencia às confrarias e irmandades que determinavam o local a enterrar e as taxas a pagar pelos serviços prestados. Havia, pois, um conjunto de interesses instalados que a nova lei veio arrendar de uma fonte segura de financiamento, que por aquela via era transferida para a esfera da administração civil – Junta de Paróquia – a qual ficava com o encargo de gerir os novos locais de enterramento, pagando aos coveiros e zelando pela sua manutenção.
Os privados destes benefícios, mais aqueles que, por interesse político, pretendiam voltar aos governos absolutistas e que tinham muitos apoiantes entre o clero mais conservador, atuaram de forma fervorosa contra as medidas sanitárias e aproveitaram aquele momento para atacar, também, uma série de medidas de alcance fiscal como as novas fórmulas de contribuição e expulsar dos cargos os políticos conotados com os Cabrais.
Em Vila do Conde, em 1846, entraram na sede do concelho 800 homens armados, provenientes das terras circunvizinhas. Da revolta resultou a deposição das autoridades vigentes e o exílio dos irmãos Costa Cabral.
A construção de cemitérios foi, entretanto, surgindo nas freguesias, na sua grande maioria, na segunda metade do século XIX, quase sempre ao lado da igreja paroquial, em terrenos confiscados às Ordens Religiosas ou, na sua falta, em espaços comprados pelas juntas da paróquia.
O cemitério paroquial de Modivas foi construído em 1878, como atesta a inscrição no portão em ferro que cerra a única porta de acesso.
Em 1944 foi construído um ossário coletivo, destinado a receber os restos osteológicos provenientes das inumações anteriores, instalado na base do cruzeiro que se situa no cruzamento dos quatro talhões que compõem a parte antiga do cemitério. Em 1982 o cemitério foi alargado.